Profundidade versus amplitude. Essa não é uma discussão nova, mas pode nos levar a enganos importantes na condução de negócios, carreiras, e até da própria vida.
Assume-se que é uma coisa ou outra. Se você enxerga o todo, não consegue se aprofundar em nada. Caso contrário, quando aprofunda-se em algo, perde a visão global.
A raiz desta crença equivocada pode estar em uma pequena confusão que se faz entre nível de profundidade e nível de detalhe. Explico o raciocínio, não tenho dúvidas que entender o detalhe de algo, traz um conhecimento profundo sobre aquilo. Mas e se eu não quiser me aprofundar em algo, mas em um conjunto de “algos”, ou seja, em um processo mais complexo?
Sabemos que a maioria dos problemas de processos está nas interfaces, no vão entre as cadeiras. Se eu conheço nos detalhes cada uma das etapas, mesmo assim posso não entender o processo em profundidade suficiente para dar conta de influencia-lo positivamente. Sou detalhista localmente, raso globalmente.
Por isso é importante desenvolver o que eu chamo de profundidade sistêmica. Não é necessariamente conhecer o detalhe de tudo (claro que isso é um bônus), mas conhecer profundamente como o todo se organiza para entregar o resultado no final.
O problema desta visão é que em um mundo organizacional viciado em organogramas, centros de custos e silos, conhecer em detalhes e otimizar localmente uma função empresarial, mesmo que em detrimento de outras, ainda é muito bem visto. Os que ganham profundidade global, mesmo que por vezes não conhecendo alguns detalhes locais, são vistos como generalistas. E isso tende a não ser bem visto.
Bom, são estes pensadores sistêmicos, estes generalistas, estes seres que adquiram profundidade sistêmica que salvam a pátria, incontáveis vezes, quando os donos dos feudos estão em pé de guerra.